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quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017

Mitologia Oriental: MAZU DEUSA DOS MARES

MAZU DEUSA DOS MARES

Era o 23º dia do terceiro mês lunar do ano de 960 quando ela veio ao mundo, iluminando o espaço e preenchendo o ar com arome de flores desabrochando. A parturiente, já mãe de cinco filhos homens,  fervorosa devota de Guanyin, deusa da misericórdia, tinha orado com todo seu coração por uma filha. Ouvindo suas preces, a deusa lhe apareceu em sonho, ofertando-lhe uma flor para que a comesse. Não demorou muito e a mulher engravidou e deu à luz a Lin Niang. A menina tão desejada não chorou uma única vez durante seu primeiro mês de vida, razão pela qual seus pais lhe acrescentaram o nome Mo, ‘silenciosa’.
Vivendo na pequena ilha de Meizhou, localizada do estreito entre a costa sudoeste da China e Taiwan, a família Lin vivia da pesca e do comércio, uma vida cheia de perigos nas águas turbulentas do mar, que não eram muito gentis com os pescadores e suas precárias embarcações.

Lin Mo Niang cresceu e logo se revelou uma criança extraordinária. Com apenas quatro de anos de idade, durante a visita a um templo budista, ela parou extasiada diante da estátua da deusa Guanyin. Esta a reconheceu e lhe transmitiu a habilidade de prever eventos que aconteciam distante no tempo ou no espaço. Aos dez anos, Mo iniciou seus estudos formais e sua espantosa capacidade de memorização fizeram com que se tornasse discípula de um grande sacerdote, que além dos ensinamentos budistas, também a iniciou nos mistérios daoistas. Quando não estava estudando as escrituras sagradas, Lin Mo gostava de vagar pelas praias desertas. Conta a lenda que um dia um dragão emergiu do mar e lhe entregou um disco de bronze. A partir deste momento, ela foi capaz de prever mudanças no clima com tal precisão, que os pescadores a consultavam antes de sair para pescar em mar aberto.
Herdeira da velha tradição xamânica chinesa, ela não apenas previa acontecimentos, mas também tinha o poder de curar. Mas além de curar os doentes, ela também ensinava às pessoas como evitar epidemias e doenças. Amada e respeitada por todas as pessoas do povoado, recusou-se a casar e dedicou sua vida e suas habilidades especiais para ajudar seus semelhantes.

Aconteceu que um dia, seu pai e irmãos foram pescar em alto mar. Lin Mo tecia tranquilamente em casa, quando sua visão lhe mostrou a formação de um forte tufão. Imediatamente ela entrou em transe e se deslocou para o mar, trazendo seus irmãos um a um à praia, em segurança. Quando estava ajudando seu pai a retornar, sua mãe e encontrou debruçada sobre o tear e, assustada, chamou por ela. A compaixão diante da agonia de sua mãe despertou Mo, impedindo-a de salvar seu pai. Quando seus irmãos retornaram para casa, relataram a forma milagrosa como foram ajudados no meio da tormenta.

Algum tempo depois deste acontecimento, aos 28 anos de idade, Lin Mo anunciou que estava na hora de ir para casa. Silenciosa como viveu, subiu ao topo de uma montanha e sentou para meditar, envolta em nuvens. Quando as nuvens se dissiparam, ela havia desaparecido. No mesmo instante, um colorido arco-íris surgiu no céu e música celestial preencheu o ar.

Nos tempos que se seguiram, marinheiros e pescadores começaram a ver a deusa vestida de vermelho vir em seu socorro quando, em alto mar, uma tormenta se aproximava e as águas se agitavam. Passaram a referir-se a ela como Mazu, ‘Mãe Ancestral’, a quem oravam para pedir uma viagem segura.

No século XI, ela recebeu o título de ‘Princesa do Favor Sobrenatural’, primeiro de uma série de títulos oficiais, entre eles ‘Imperatriz dos Céus’. A concessão de títulos era um expediente muito utilizado pelos imperadores chineses para cooptar forças poderosas que atuavam junto à população e incorporá-las na religião oficial. Apesar disto, as pessoas acreditam que, em situação emergencial, é melhor invocá-la como Mazu, pois assim ela virá sem delongas atender aos chamados, visto que como imperatriz ela primeiro teria que se vestir de acordo com o protocolo, retardando o socorro.

Além de fazer parte da vida diária dos marinheiros, pescadores e comerciantes chineses que habitam Taiwan e a costa sudeste da China, onde cada cidade costeira possui um templo dedicado a ela, o culto a Mazu se espalhou e hoje podem ser encontrados templos em Macau, Hong Kong, Taiwan, Tailândia e em todos os redutos chineses dos Estados Unidos. O foco central de seu culto, contudo, fica na Montanha Wuyi, na província de Fujian, na costa sudeste da China.

Um comentário:

  1. A mitologia chinesa é recheada de leveza e simplicidade, por isso mesmo é tão envolvente e crível, até.

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