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sexta-feira, 9 de outubro de 2015

Mitologia Grega: Calisto e Diana

CALISTO E DIANA

A ninfa Calisto era uma virgem que fez voto de castidade para seguir a deusa Diana e era a companhia preferida da divindade. Todas as manhãs as duas embrenhavam-se mata adentro para caçar, com suas aljavas prateadas penduradas às belas costas, e seus resistentes coturnos de couro a lhes protegerem os seus delicados pés.
Quando exaustas, banhavam as duas os seus corpos nus e suados nas águas transparentes do rio que manava da própria rocha, ou descansavam na relva verde e macia. As outras ninfas, contudo, sempre invejaram a preferência que a deusa dava à bela Calisto.
Júpiter, entretanto, também a viu lá do Olimpo e logo estava loucamente apaixonado por ela. Sabedor de que Diana a havia alertado sobre os ardis dos deuses e dos homens para conquistar as mulheres, Júpiter astutamente se disfarçou de Diana e seduziu Calisto, a qual lhe deu um filho chamado Arcas. As despeitadas ninfas logo trataram de fazer essa novidade chegar aos ouvidos de Diana, que a afastou imediatamente do seu séquito de ninfas virgens.
Mas havia mais alguém visando à pobre Calisto lá de cima do Olimpo: era a ciumenta Juno, esposa de Júpiter, a qual, tão logo soube da traição do marido, disse:
— Vou acabar logo com sua beleza e fascínio, transformando-a numa ursa horrenda e desajeitada.
— Céus, o que está havendo comigo? — exclamou Calisto, ao sentir seu corpo começar a cobrir-se de um espesso e amarronzado pêlo.
A pobre ninfa olhou, aterrorizada, para os seus membros peludos, sentindo que sua própria boca aumentava de tamanho, enchendo-se de presas enormes.
"Oh, se ao menos tivesse me transformado num elegante felino!", pensou ela, tentando dar alguns saltos ágeis; mas um urso pode ser tudo menos elegante, e por isto caiu logo de quatro sobre a relva, com todo o seu imenso peso.

Seu espírito, contudo, permanecera ileso. Andava pelos mesmos lugares em que antes caçava, olhando as ninfas se divertirem no bosque com Diana.
Às vezes Calisto vagava noites inteiras ao redor de sua casa, esperando ver seu filho, ou mesmo para fugir da escuridão que assolava a floresta na noite apavorante e ruidosa. Mas ela agora não podia mais conviver no meio dos homens, e seu espírito não admitia a possibilidade de ter de conviver com as embrutecidas feras.
O tempo passou, e seu filho Arcas cresceu, transformando-se num belo jovem. Um dia resolveu caçar — afinal, já tinha idade para tanto, pensava ele — e entrou na floresta onde sua mãe vivia escondida. A vingativa Juno, entretanto, que ainda guardava rancor no coração,
esfregou as mãos.

— Chegou a hora da realização do último ato da tragédia!
Arcas estava de arco em punho quando viu surgir detrás de uma árvore a ursa gigantesca, que nem desconfiava, é claro, tratar-se de sua própria mãe.
— Meu filho querido, enfim você veio me encontrar! — tentou dizer Calisto, mas o que saiu de sua boca foi apenas um terrível rugido que encheu o jovem de pavor.
Retesando, então, a corda de seu arco, o jovem despediu a sua velocíssima seta.
Tudo teria terminado da pior maneira possível se Júpiter, penalizado, não tivesse interferido no último instante, arrebatando Calisto e seu filho daquele cenário e colocando-os nos céus, como as constelações da Ursa Maior e da Ursa Menor.
O ódio de Juno não conheceu limites diante de tal afronta. Enfurecida, resolveu ir se queixar a seus pais adotivos, Tétis e Netuno.
— Já não posso mais viver com dignidade entre os deuses, eis que meu marido me afronta de maneira vil, fazendo com que eu seja suplantada pela amante de meu marido e, ainda, o seu filho!

— Não podemos acreditar em tamanha afronta! — exclamaram Tétis e Netuno.
— Então olhem para o céu durante a noite — respondeu Juno, lavada em pranto — e verão meus dois inimigos límpidos e brilhantes lá no alto, a debocharem de minha honra ultrajada! Quem hesitará em me vilipendiar daqui por diante, quando é este o prêmio de todo aquele que ousa me afrontar? Não a considerei digna de se revestir da forma humana, e agora ela é exaltada entre as estrelas.

Infelizmente para Juno, desta vez a sua ira teve de se satisfazer com uma bem pequena recompensa, pois a única providência que Netuno pôde tomar foi a de nunca permitir que as constelações da Ursa Maior e Ursa Menor pudessem submergir no oceano, tal como acontece com as demais estrelas, sendo obrigadas a fazer seu curso em círculos ininterruptos sobre os céus.

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